ORIENTAÇÕES PARA O PACIENTE PORTADOR DE DIABETES
O diagnóstico de diabetes causa muita apreensão nas pessoas e em geral os pacientes têm várias dúvidas a respeito do tratamento, alimentação e prognóstico da sua doença.
É importante reforçar que o diabetes bem controlado, especialmente desde o início desta doença, é associado a uma boa saúde em longo prazo.
Entretanto é essencial o compromisso do paciente com o tratamento para que ele possa ter uma vida saudável e sem intercorrências.
Sabemos que alguns pacientes apresentam bom controle de sua glicose no sangue em uso de poucos medicamentos e que outros precisam usar várias doses de insulina por dia para seu controle. Isso depende do tipo de diabetes, do tempo da doença e de cada organismo, por isso não se compare com outros conhecidos portadores de diabetes.
Um grande problema, especialmente no diabetes do tipo 2, é que ele é pouco sintomático e o mal controle não se mostra a não ser que você faça os exames orientados nas datas certas, faça o monitoramento das glicemias capilares adequadamente caso seja necessário para seu caso e para que fique bem controlado é necessário que você use as medicações adequadamente e que siga as recomendações de alimentação e de atividade física em todos os momentos, e não apenas nas datas próximas às consultas.
Lembre-se que o controle do diabetes não é para seu médico e sim para você. E quanto melhor seu controle melhor para sua saúde.
Sobre a alimentação:
A alimentação para o paciente diabético deve ser individualizada na maioria dos casos e o ideal é marcar uma consulta com um profissional da nutrição para orientação específica.
Não existem alimentos proibidos, mas alimentos pouco saudáveis devem ser evitados por todos.
Deve-se ficar atento às quantidades dos alimentos também, mesmo os considerados saudáveis, tanto para o controle da glicose no sangue quanto para se evitar o ganho de peso em excesso que sempre prejudica.
Alimentos saudáveis em geral são as frutas, verduras, legumes, carnes magras (de preferência branca, sempre retirando as peles das aves) ou proteínas vegetais (como feijão, lentilha, grão de bico entre outros), cereais integrais que são ricos em fibras, derivados do leite desnatado, gorduras boas como as do azeite, castanhas e abacate.
Deve-se evitar o consumo de açúcar, refrigerantes, suco de caixinha, dando preferência para o consumo da fruta in natura, e não em sucos concentrados.
Mantenha-se bem hidratado no dia a dia.
Evite também as carnes gordas, os derivados do leite integral (leite e iogurte com nata, queijos amarelos, manteiga, creme de leite) consumo excessivo de gorduras saturadas, farinhas brancas e refinadas e evite ao máximo o consumo das gorduras trans (aquela que dá consistência a bolos prontos, bolachas, biscoitos, sorvetes, salgados assados, chips e salgadinhos). Aprenda e acostume-se a avaliar os rótulos dos alimentos. Reduza o consumo excessivo de sal e de bebidas alcoólicas. Nunca se deve estimular o uso de bebidas alcoólicas, mas se for consumi-las que seja em pequena quantidade e alguns pacientes podem ter contra indicação maior para seu consumo. Lembrando que elas também contribuem para o ganho de peso e podem interferir agudamente elevando sua glicose ou mesmo causando hipoglicemias graves.
Sobre a quantidade dos alimentos:
As necessidades de ingestão de calorias e a distribuição dos alimentos durante o dia é individual e deve ser calculada pelo profissional de nutrição. Dependem do seu peso, idade e seu gasto de energia tanto pelas atividades do dia a dia tanto pelas atividades físicas programadas. Em geral não há alimentos, mesmo os dietéticos ou light, que possam ser consumidos sem nenhum controle de quantidade.
Os adoçantes não calóricos são permitidos dentro das quantidades recomendadas e podem ser usados, mas não se deve exagerar no resto da sua alimentação só porque está em uso deles.
Sobre o nível de controle de glicose no sangue:
Qual o nível ideal da glicose no sangue?
O nível de controle de sua glicose no sangue deve ser o melhor possível, desde que sejam evitadas as hipoglicemias.
Hoje em dia falamos muito sobre o tempo no alvo (time in range, em inglês), que deve ser o melhor possível. As metas podem variar de um paciente para o outro (depende de fatores individuais também), mas em geral sugere-se que as glicemias fiquem entre 70 a 180 em pelo menos 70% do tempo, e que as hipoglicemias sejam realmente evitadas. Mas como já dito, estes valores deverão ser individualizados.
Os novos medicamentos para o diabetes disponíveis têm facilitado muito o controle da glicose, pois muitos deles ajudam no controle da glicose assim como na redução do apetite, perda de peso e não estão associados a hipoglicemias.
Além disso, algumas medicações trazem benefícios adicionais de redução de risco de problemas no coração e nos rins, que infelizmente são frequentes nos diabéticos mal controlados.
Mas pacientes que fazem uso de insulinas ou de outros medicamentos em comprimidos associados a hipoglicemias deverão ser mais rigorosos.
Mais uma vez: o grau de controle da sua glicemia será determinado principalmente pela presença das hipoglicemias e quanto menos aderente o paciente for ao tratamento todo, que inclui o uso adequado dos medicamentos e a dieta correta, menor será a possibilidade de se fazer um bom controle de sua glicose e mais chance ele tem de apresentar as complicações do diabetes.
Sobre a necessidade de medir glicemias capilares:
A necessidade de monitoramento depende de vários fatores e alguns pacientes não precisarão fazer medidas de glicemias de ponta de dedo, as glicemias capilares, enquanto outros precisarão medir sua glicose no sangue 6 ou mais vezes ao dia. Converse com seu médico e siga as orientações para seu caso. Existem novos dispositivos de uso contínuo que medem a glicose sem a necessidade de furar os dedos atualmente (Freestyle Libre: https://www.freestylelibre.com.br), veja se é indicado para seu caso.
Sobre os controles dos outros fatores de risco para o paciente diabético:
Deve-se se manter um controle maior dos outros fatores de risco para doenças cardiovasculares, que infelizmente são mais frequentes nos diabéticos.
As metas de colesterol são mais baixas em pacientes com diabetes e dependem também da sua avaliação individual de risco cardiovascular, assim como o controle da sua pressão arterial deve ser realmente rigoroso. Pacientes que falam “minha pressão é um pouco alta mesmo, meu colesterol foi sempre assim, minha glicose nunca fica boa” são os que mais me preocupam, pois não há dúvidas de que o controle desses fatores reduz imensamente o risco de infarto, angina e derrame, por isso recomendo uma avaliação com cardiologista para todos os pacientes portadores de diabetes, principalmente os portadores do tipo 2 ou que tenham muitos anos de doença.
Ao diagnóstico todos os portadores de diabetes do tipo 2 deverão fazer avaliação oftalmológica de fundo de olho, assim como os portadores de diabetes do tipo 1 depois de 5 anos de diagnóstico. Em geral esse controle de fundo de olho deve ser feito uma vez ao ano, mas pode ser mais frequente se seu oftalmologista achar necessário.
A avaliação da presença de proteína na urina também deve ser feita periodicamente.
Mantenha cuidados com seus pés, avalie a presença de bolhas, feridas, calosidade e micoses e trate adequadamente. Evite sapatos que incomodem ou machuquem. Observe como está a sensibilidade dos pés.
Em caso de complicações do diabetes poderão ser necessárias avaliações com outros especialistas também (nefrologistas, neurologistas ou outros).
Evite informações que venham de sites não confiáveis. A Sociedade Brasileira de Diabetes tem um site que traz muitas informações de qualidade para os pacientes, vídeos informativos e orientações de nutricionistas confiáveis.
Entre em https://www.diabetes.org.br/ e informe-se!