O termo hipertireoidismo se refere ao excesso da produção dos hormônios pela glândula tireoide.
Causas
Doença de Graves
A causa mais comum para o hipertireoidismo é uma doença autoimune chamada Doença de Graves. Da mesma forma que no hipotireoidismo, o organismo não reconhece a tireoide como própria e começa a produzir anticorpos contra ela. Só que na doença de Graves estes anticorpos estimulam a tireoide e causam produção excessiva dos seus hormônios.
Este tipo de hipertireoidismo ocorre mais frequentemente em mulheres e na mesma família.
Bócio nodular tóxico
Outra causa de hipertireoidismo é quando um ou mais nódulos da tireoide começam a produzir seus hormônios de forma autônoma, sem controle pelo organismo.
Tireoidites subagudas
A tireoidite subaguda é uma inflamação da glândula tireoide causada por uma agressão autoimune ou viral. Neste caso, a inflamação da tireoide faz com que ela libere muito hormônio no sangue, causando um hipertireoidismo temporário. Em seguida, durante o período de inflamação, ocorre uma deficiência da produção destes hormônios até que esta este processo se resolva e a tireoide volte a funcionar normalmente, o que ocorre em grande parte dos casos. Entretanto, alguns pacientes podem evoluir com hipotireoidismo definitivo após a tireoidite.
Nestes casos não há necessidade de um tratamento específico para reduzir o excesso de hormônios e o tratamento é direcionado apenas para redução de sintomas. Em alguns casos pode ser necessária a reposição do hormônio da tireoide durante a fase de hipotireoidismo.
Sintomas
Assim como no hipotireoidismo alguns dos sintomas do hipertireoidismo são inespecíficos, mas procure seu médico caso apresente algum dos seguintes:
– palpitação e batimentos cardíacos acelerados.
– irregularidade no ritmo cardíaco, principalmente em pacientes com mais de 60 anos.
– nervosismo, ansiedade e irritabilidade.
– tremores nas mãos.
– perda de peso.
– intolerância a temperaturas quentes e aumento da sudorese.
– queda de cabelo, unhas descamativas.
– aumento ou perda de apetite.
– fraqueza nos músculos, especialmente nos braços e coxas.
– intestino solto, aumento do número de evacuações.
– alterações na menstruação.
– olhar fixo.
– protrusão e vermelhidão dos olhos, com ou sem visão dupla (em pacientes com a Doença de Graves).
Diagnóstico
O diagnóstico do hipertireoidismo é feito através de exames laboratoriais. Em geral ocorre uma redução do TSH com elevação de T4 e T3. Podem ser feitas dosagens também dos anticorpos anti-tireoideanos para se avaliar a presença da autoimunidade.
Pode ser solicitada também a cintilografia da tireoide, que é um exame que avalia como está a produção dos hormônios da tireoide e diferencia as causas da produção hormonal excessiva (porém nem todos os pacientes precisam deste exame).
Tratamento
Existem vários tratamentos para o hipertireoidismo e não existe um método terapêutico que seja o melhor para todos os casos. Isso varia de acordo com a causa e com a severidade da doença, além da presença de outras condições médicas que possam afetar a saúde do paciente.
Medicações anti-tireoideanas
Existem dois medicamentos usados para reduzir a produção dos hormônios da tireoide, o Metimazol e o Prpopiltiouracil. O Metimazol é o mais usado por apresentar menos efeitos colaterais.
Essas medicações são eficientes em controlar o excesso de hormônios, porém a remissão prolongada do hipertireoidismo ocorre em 20 a 30% dos casos de Doença de Graves após 12 a 18 meses de tratamento e alguns pacientes vão precisar de outro método terapêutico para controlar sua doença (iodo radioativo ou cirurgia, descritos abaixo)
No caso de bócio nodular tóxico estas medicações apenas controlam a tireoide ate que seja feito o tratamento definitivo, que pode ser iodo radioativo ou a cirurgia.
Tanto o Metimazol quanto o Propiutiouracil podem causar reações alérgicas em torno de 5% dos pacientes. Reações comuns, porém leves, são alergias de pele e ocasionalmente febre e dores articulares. Raramente (em 1 para cada 500 pacientes tratados) pode ocorrer a redução das células de defesa do corpo (leucócitos) que pode levar a infecções graves. Caso apresente febre ou dor de garganta o paciente deve suspender imediatamente estas medicações e procurar um pronto atendimento para realização de um hemograma. Em geral há recuperação completa destas células após suspensão desta medicação.
Alterações do fígado também podem ocorrer porem é mais frequente com o uso de Propiultiouracil, por isso esta medicação é menos usada.
Iodo radioativo
O iodo radioativo também tem sido usado para reduzir o excesso de produção hormonal. Ele é administrado por via oral e captado pela tireoide rapidamente. Em um período de semanas a meses vai ocorrendo a redução progressiva das células tireoideanas. Às vezes pode ser necessária uma segunda ou terceira dose de iodo em caso de não controle do hipertireoidismo, porém mais frequentemente o paciente evolui para hipotireoidismo após alguns meses.
O tratamento com iodo radioativo já tem sido feito há mais de 60 anos e é muito seguro, de forma que tem sido a primeira escolha em mais de 70% dos pacientes adultos nos Estados Unidos atualmente.
Ele é contra indicado em mulheres grávidas ou que estejam planejando engravidar nos próximos meses.
Cirurgia
A remoção cirúrgica pode ser indicada em alguns casos e leva ao hipotireoidismo na maioria dos pacientes operados, sendo necessária também a reposição com a levotiroxina após a cirurgia.